António Ramos Rosa morreu nesta segunda-feira, ao início da tarde.
Vencedor do Prémio Pessoa
em 1988, António Ramos Rosa é um exemplo de entrega radical à escrita
como talvez não haja outro na poesia portuguesa do século XX.
Poeta, ensaísta e tradutor, nasceu em Faro, em 1924. A sua obra poética, iniciada em 1958 com a publicação de O Grito Claro, abarca quase 80 títulos, não contando já com antologias, compilações e livros escritos a meia com outros autores.
O poeta António Ramos Rosa foi homenageado na Campanha Poesia à Mesa 2004
António Ramos Rosa
Um outro sol, um outro pão
"Nunca se te abriu o pão da mesa
um pão limpo
uns olhos de mulher de água tranquila?"
ROSA, António RamosHorizonte imediato. Lisboa: Publicações D. Quixote, 1974
GRITO CLARO
De escadas insubmissas
de fechaduras alerta
de chaves submersas
e roucos subterrâneos
onde a esperança enlouqueceu
de notas dissonantes
dum grito de loucura
de toda a matéria escura
sufocada e contraída
nasce o grito claro
ANTÓNIO RAMOS ROSA (1924-2013)
Viagem Através duma Nebulosa (1960)