Uma vez, entrei em verona
para não entrar
em veneza. Entre o vê de
verona e o vê
de veneza optei por ver
verona. Gostei da
coincidência das consoantes
na janela
de julieta; e sei que em
veneza não ouviria
o vento da vingança, nem
provaria o veneno
de uma volúpia que só em
verona se
desvanece com a vida. Não há
canais em
verona, como em veneza; nem
há janelas
em veneza, como em verona;
mas julieta
espreita a rua, da janela
que é sua, e se
ninguém diz a senha que só
ela sabe, agita
o lenço molhado pelas
lágrimas que as
nuvens bebem, levando-as de
verona até
veneza, onde a chuva as
deita nos canais.
Júdice,
Nuno - A pura
inscrição do Amor. 1ª ed. Alfragide
: Dom Quixote , 2018. , 143 p. ; 21 cm. 978-972-20-6405-7. p. 26